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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Nandha


Recentemente, uma amiga que se deslocou a Londres - e que sabe a dificuldade que há em arranjar filmes tâmil em Portugal - ofereceu-se para ir à loja da Ayngaran em Tooting e trazer-me alguns filmes. Como tal, devo começar este artigo por lhe agradecer!

Deste lote que me chegou às mãos, o primeiro filme que vi foi Nandha. Não me lembrava do motivo pelo qual o incluí na lista de filmes a trazer mas depois vi que era realizado por Bala, um director tâmil por quem nos apaixonámos em Naan Kadavul.

Naan Kadavul, se se recordam, é um filme sombrio, recheado de personagens miseráveis e que não têm outro destino que não o da infelicidade. O filme termina com uma morte misericordiosa e faz-nos crer que não há redenção possível.

Nandha, realizado uns anos antes (2001) não foge muito deste cenário fatídico.
A primeira cena do filme é passada num templo, onde o sacerdote fala aos fiéis sobre a possibilidade de, pela oração, limparem os seus pecados. A mãe de Nandha está com ele (ainda criança) e com a irmã pequenina no templo. Ao chegarem a casa, deparam-se com a traição do pai de Nandha que aproveita a ausência da mulher para convidar uma amante para casa. A mãe chora humilhada no chão até que o marido lhe começa a bater. Nesse momento, o jovem Nandha mata o pai. E depois sorri para a mãe.

E é esse o âmago do filme. Será Nandha uma criança má? Poderá algum dia mudar ou ser mudada?

Depois de passar vários anos internado numa instituição para jovens criminosos, Nandha regressa para encontrar uma mãe que o teme e uma irmã que não o reconhece. 


Não tendo onde ficar, encontra um patrono disposto a sustentar os seus estudos enquanto este faz alguns trabalhos "pesados" a seu mando.

Tentando sempre agir de forma justa (i.e. defendendo os mais fracos, protegendo as mulheres agredidas, etc), Nandha acaba por ser arrastado para situações que apelam ao seu lado mais primário. E quando vemos cenas com este tipo de ultra-violência e de pancadaria total, sabemos que estamos perante um filme tâmil!

No seu caminho para a auto-aniquilação, Nandha conhece uma refugiada do Sri Lanka por quem se apaixona e de quem fica noivo. Já tinha lido que era raro haver referências a tâmiles de fora da Índia no cinema Kollywood, pelo que fiquei satisfeita por ter conseguido apanhar um desses filmes. 
Na cena musical imediatamente a seguir ao pedido de casamento, as personagens do Sri Lanka e as do Tamil Nadu dão as mãos enquanto cantam "Tamilians are great!" e "Tamilians are very generous!". Só para não haver dúvidas...

O dilema recorrente nos filmes de Bala (fala quem só viu dois) parece ser o de nature vs. nurture. Tanto em Nandha como em Naan Khadavul os pais não tiveram oportunidade de educar os seus filhos e ficam sempre com a dúvida: fui eu que criei este monstro?


Não sendo tão visualmente apelativo como Naan Khadavul, Nandha é igualmente perturbador e acaba por abordar os mesmos assuntos: a religião (será que nos leva à verdade ou será que tolda a verdade?), a parentalidade, o karma, o dharma, e a violência enquanto linguagem primitiva.

Suriya, com o seu ar de "a sério que eu até sou bonzinho, mas por favor não me irritem", foi bastante bem escolhido para o papel de Nandha. Já a actriz principal, Laila (que desempenhava a noiva refugiada do Sri Lanka) teve a tarefa ingrata de interpretar um papel que só existe, passe a expressão, para encher chouriço. A fórmula típica do cinema indiano dita que cada herói deva ter a sua heroína, mesmo quando isso é dispensável e, francamente, inverosímil no contexto do filme.

Fica aqui o tal vídeo em que os tâmiles dizem que são fantásticos e muito unidos:

2 comments:

Carol Juvenil disse...

"Fica aqui o tal vídeo em que os tâmiles dizem que são fantásticos e muito unidos"


HAHAHAHAHAHHAHAHAHA :'D

Me interessei MUITO, mas muito mesmo pelo filme. Desde que vi uns filmes tâmiles (é assim?) do Mani Ratnam, começou a me crescer um carinho por Kollywood. Ou pode ser o fato de eu sempre associar tâmil ao Madhavan,o que enche meu coração de amor.

Fiquei tensa com o assassinato sorridente do pai.

bárbara disse...

;)

Acho que é tâmil/tâmiles mesmo, embora eu prefira "tamil".

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