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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Naan Kadavul - Eu Sou Deus

Este é o quarto filme realizado por Bala, aclamado realizador do cinema Tamil; nunca tinha visto nenhum filme dele mas pelo que li por aí (internet, subentenda-se) é um tipo muito respeitado, principalmente pela audácia dos temas que aborda.

Ora este Naan Kadavul é, sem dúvida, audaz.

A história é em traços gerais esta: um pai abandona o seu filho Rudran (Arya), a conselho de um astrólogo, para que este prossiga estudos védicos.

Anos mais tarde, arrependido da sua decisão, decide partir em busca do seu filho com a ideia de o devolver ao lar; qual não é o seu espanto ao descobrir que o seu filho, seguindo os estudos védicos sim, se tornou um Aghori - uma seita Hindú conhecida por ter poderes curativos e um conjunto de hábitos nefastos de entre os quais se destacam o consumo de substâncias intoxicantes como o álcool e o haxixe, o canibalismo e o hábito de habitar zonas de cremação, bem como a ingestão de carne e a realização de ritos sexuais tântricos.

A conselho do seu gurú, Rudran regressa ao seu lar no Tamil Nadu onde a família vem a conhecer um homem que de homem já tem muito pouco, e que caminhando na sua ascenção para divindade, não reconhece os laços familiares e decide viver não na casa dos pais, mas entre os párias e os menos afortunados da sociedade.

Esta é uma das partes que talvez cause algum frisson ao olho ocidental, que é ver a quantidade de figurantes portadores de deficiências físicas e/ou mentais (foram usados cerca de 450 neste filme) que são explorados pelas redes de crime organizado que, infelizmente, grassam na Índia. Neste caso, um submundo controlado pelo terrível e temível Thandavan (Rajendran) que, como um oposto estílistico de Rudran, encarna o mal absoluto.

Não querendo desvendar muito do enredo do filme, digo-vos que, à boa maneira do cinema Tamil, tem acção e violência quanto baste não sendo por isso um filme para a família, mas que nos faz reflectir sobre diversos temas profundos da Índia que não vemos habitualmente abordados pelo cinema.

Para além da questão omnipresente dos pedintes escravizados por indivíduos sem escrúpulos, temos uma reflexão constante sobre o que é deus e o final, dramático, demonstra-nos a importância e o valor da mokhsa e como, por vezes, um mal aparente é uma benção maior.

Meritório o facto de a banda sonora deste filme (de que muito gostei, por sinal) incluir uma música escrita em Sânscrito (!!!) que realmente define "o" ambiente do filme; é arriscado apostar em línguas que as pessoas não vão conseguir compreender nem no seu país natal, mas esta é daquelas que realmente toca o âmago das almas e foi sem dúvida uma aposta ganha.

Om Shivoham, escrita por Vaali, cantada por Vijay Prakash e para ouvir e admirar.
Caramba, é mesmo destas músicas que gosto de ouvir num filme!


3 comments:

bárbara disse...

Sem redenção.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Parece-me ser um filme poderoso. Fiquei intrigado.

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