Há alturas na vida em que sinto que o 7º Céu, o Nirvana e o Paraíso das crianças bem-comportadas se juntam para me estragarem de mimos. Pois foi o que aconteceu recentemente nos dois dias que levei para ver este delicioso Jewel Thief (sim, porque isto de se ver filmes de quase 3 horas de duração não é para quem tenha empregos a full-time...).
Corria o ano de 1967 e a cor andava no ar. Assim como os cabelos das senhoras em forma de colmeia. E como as camisas douradas com mangas em balão dos senhores. Já para não falar das casas com salas caiadas a verde e recheadas com móveis de formica e paredes interiores de tijolo burro. E dos óculos de sol com lentes que cobriam metade da cara. Com armações brancas, está claro. E dos bares das casas de chalet que se desvendavam numa pirueta de 180º ao simples carregar de um botão. E dos carros descapotáveis conduzidos por legítimos representantes da vida airada. E dos roupões com monograma. E por aí fora.
Como vêem, este filme realizado pelo lendário Vijay Anand é um miminho do princípio ao fim. Raras vezes senti tantas "borboletas na barriga" como durante a sua duração. E, já que falamos em duração, há que dizer a verdade: nem todos os filmes de Bollywood deveriam ser tão longos como são. "Sacrilégio!", já ouço gritar as mobes. Mas têm que concordar comigo em relação a certos filmes da meca indiana que mais parecem que andam a engonhar para atingir os 150 minutos da praxe do que propriamente a contar uma história. O que não acontece com este Jewel Thief. Muito pelo contrário. A história leva tanta reviravolta que são realmente precisos quase 180 minutos para tudo se resolver.
"E a história, senhor? É boa ou quê?". É muito boa, sim senhores. Isto é, se gostam de um thriller muito colorido acerca de um respeitável senhor que é constantemente confundido por um outro igualzinho a ele (salvo o 6º dedo do pé direito; exactamente, seis) e que se vai ver envolvido num escândalo da titular onda de roubo de jóias que anda a dar cabo das cabeças dos agentes da polícia e da sua respeitabilidade. Um Doppelgänger à Bollywood. Com canções lindas do mítico S. D. Burman, diga-se de passagem. E o filme atinge rasgos de perfeição kitsch quando uma certa senhora entra em cena. Ora então sigam-me para o próximo parágrafo, se fizerem o favor.
Helen. O seu nome é lenda. Seguir a sua carreira é desvendar os mistérios do prazer lúdico da cinefilia. Qual varinha de condão, os filmes onde toca tornam-se clássicos. E há aqui também que dizer uma coisa muito importante: sou completamente contra todos aqueles que ao reavaliarem hoje em dia a sua carreira, a tentam tornar algo entre o respeitável e o decente. "Calúnia!", brado eu. Gente que se sente (e quem se sente, é porque é boa gente) gosta dela porque ela sempre foi a "outra mulher", porque nunca teve cá problemas em se despir ou dormir ao lado do homem que ama, porque sempre irradiou alegria quando dançava, resumindo, porque sempre foi genuína. E libertina. E é por tudo isto que a gente gosta dela. E é também quando ela aparece em cena (depois de mais de uma hora de filme a esperarmos que ela assim o faça...) que o filme atinge níveis estratosféricos de júbilo kitsch. Senão, comprovem no video que se segue.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Jewel Thief
Escrevi sobre: Asha Bhosle, Ashok Kumar, Bollywood, Cinema Indiano, Crítica, Dev Anand, Helen, Lata Mangeshkar, Portugal, SD Burman, Vijay Anand
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12 comments:
Lalalalalalala! Está-se mesmo a ver porque é qeu compraste este filme :P
Só não gosto do Dev Anand.
Salvé Gloriosa Helen!
se calhar vou querer ver este filme, assim sendo :)
Acho que encontrei meu segundo vendedor!
Eu quero o produto, por favor.
As fab as this movie was in terms of songs, sets, fashion etc i started getting tired and confused towards the last few minutes, it was a bit overlong for my taste (yes i know bolywood flms are long but i like a snappy ending every now and then) but still worth watching nonetheless
Ibirá, o Linus vende para qualquer um. Ele é apaixonado :)
bollywooddeewana: I still haven't seen this one (shame on me, I know), so right now An Evening in Paris still ranks as the most boring Bollywood film ever.
A culpa é toda d'Helen! ;) E preparem-se para futuros posts com mais dos seus filmes - isto foi só uma amostra...
Yey, estou desde ontem no aguardo! :)
Lalalalalalala! [2]
Lindo o clipe, música muito fofa!Me senti até um pouco mal, porque eu sempre zombei da Helen por só ter visto um clipe seu: Yeh Mera Dil, do Don.Ela me assusta muito naquele vídeo!
Ui, Carol.. ninguém pode zombar da Helen e viver para contar a história... não ao pé do Linus, eheheh!
Ó Linus, curvo-me humildemente diante de ti e da grande Helen para implorar por perdão!
^^
Baixei e vi o filme só porque li aqui.A-do-rei!Todos tão lindos, cores ABSURDAMENTE maravilhosas, história empolgante.Que gracinha, gente.
Dev Anand <3
Carol, é o que dá zombar com Helen: você acaba ficando fã dela! :P
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