Já fizemos aqui uma apresentação do filme Razia Sultan, mas ao ter revisto o filme recentemente apercebi-me de que o meu texto original não lhe fazia justiça. Como tal, decidi voltar a escrever sobre esta obra, desta vez mais aprofundadamente.
Razia Sultan foi realizado em 1983 por Kamal Amrohi, que também realizou Mughal-e-Azam, Pakeezah e Mahal, entre outros.
Tendo como personagem principal aquilo a que podemos chamar uma "princesa guerreira" (que depois passa a rainha), Razia Sultan inspira-se na história verídica da primeira regente muçulmana. O filme passa-se no séc. XIII, numa altura em que era hábito as princesas muçulmanas receberem treino militar e de governação de forma a estarem aptas a assumir o lugar de governantes se necessário.
No caso de Razia (Hema Malini), o treino militar é-lhe prestado pelo esravo abissínio Yakut (Dharmendra), que, findo o período de aprendizagem, é tornado homem livre pelo Sultão (pai de Razia). Na época, os abissínios eram muito procurados pela sua robustez física e pela sua fama de serem particularmente leais.
E é exactamente com base na lealdade do ex-escravo que o Sultão decide confiar-lhe o seu último desejo: que Razia lhe suceda. Yakut decide gravar o testamento do Sultão na própria pele, de forma a garantir que a sua transmissão ao povo é assegurada.
No entanto, quando chega a hora de coroar um novo regente, o irmão de Razia usurpa o trono. Mas o seu reinado é de pouca dura, pois a sua tirania e o seu constante deboche fazem o povo pedir ajuda à sua legítima rainha.
Razia decide reclamar o que é seu e põe o irmão no lugar. No entanto, e apesar de ter provado ser merecedora do respeito e afecto dos súditos, a classe religiosa (e parte da classe guerreira) não lhe perdoa a relação com um homem negro. E por muito que Yakut tente protegê-la das intrigas do palácio, Razia não esconde a sua preferência por ele.
Razia Sultan é um filme de época muito interessante e aborda a figura feminina de forma radicalmente diferente daquela a que estamos habituados nos chamados "muslim socials". Aqui a mulher não é um cortesã, mas sim uma rainha, e a sua figura não é delicada, mas poderosa. E Hema Malini é talhada para este tipo de papéis.
Enquanto épico, é interessante ver que Razia Sultan influenciou de alguma forma o cinema moderno, e um exemplo bastante óbvio disso é Jodhaa-Akbar. Aliás, a cena em que vemos Jodhaa lutar com um véu a cobrir-lhe a cara é um decalque deste filme.
E por falar em véus, Razia ficou conhecida - e isso é mostrado no filme - por durante o seu reinado surgir em público sempre com a cara descoberta.
Outro aspecto que acho muito interessante é a banda-sonora do filme. Eu tenho-a em disco e é gigantesca, e no entanto só aparecem cinco canções no DVD que comprei.
Uma das que não surge na versão que tenho é a que vou colocar em baixo e que poderia muito bem constar naquilo a que gostamos de chamar "Coreografias Picantes do Cinema Indiano".
8 comments:
O.O!
Que clipe mais ousado! Adorei!
Mas que ideia ridícula é essa de tirarem as cenas de música nas versões vendidas no ocidente??
Mas a versão que eu comprei é indiana mesmo!
Mas isto é o que parece, não é?
Ué, mas agora não entendi mais nada. Se a própria versão indiana não tem todas as músicas, será que as músicas realmente existem?...
(isso faz-me lembrar da máxima: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?... ok, deixa pra lá)
As mulheres desses filmes eram tão lindas. Só tenho isso a falar hoje.
LOl! É claro que existem, estão no Youtube :P
Sim, elas eram lindas. A Hema Malini para mim é uma deusa.
Já estou com curiosidade em ver este filme.Deve ser giro!
I bought this from eros recently and i haven't watched it and i don't think i saw this song while previewing the disc, was your dvd an eros one as well if so its likely they snipped it out which really pisses me off
The DVD I bought was one of those "2 in 1" editions so I suspect that's the reason why some of the songs were left out. But it did have teh Eros logo on the corner.
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