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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dilwale Dulhania Le Jayenge - The Big-Hearted Will Win the Bride

Alguns filmes valem não por aquilo que são, mas por aquilo em que se tornaram. Esse é o caso de Dilwale Dulhania Le Jayenge.
Estreado em 1995 e realizado por Aditya Chopra sob a chancela da gigantesca Yash Raj Films, Dilwale Dulhania Le Jayenge tornou-se o filme Bollywood em exibição há mais tempo no cinema, sendo que ainda hoje continua a ser projectado nas salas indianas.


DDLJ abriu um precedente, sem dúvida, ao introduzir personagens NRI (non-resident Indians) na narrativa principal de um filme de grande orçamento. Até então, o cinema indiano era muito fechado sobre si próprio - ainda que, obviamente, tivesse espectadores no estrangeiro. Mas com DDLJ, Bollywood abriu-se à cultura e às vivências da diáspora indiana pelo mundo, criando assim um novo foco de identificação dos espectadores com as personagens.
Além disso, DDLJ foi o primeiro filme em conjunto de um dos pares icónicos do cinema indiano contemporâneo: o rei incontestado Shah Rukh Khan e a sua rainha Kajol.

No entanto, se esquecermos tudo isso, DDLJ é um filme relativamente fraco.
SRK e Kajol interpretam dois jovens pré-universitários nascidos no Reino Unido e filhos de pais indianos que se conhecem durante uma viagem pela Europa.
O facto de serem demasiado velhos para os papéis ou de terem um óbvio sotaque indiano tira alguma credibilidade ao filme, mas aí entra a já habitual e necessária suspensão da descrença que temos obrigatoriamente de activar ao ver um filme Bollywood.

Mas depois... depois há a forma arquetipal e absurda com que o herói (Raj) conquista o coração da donzela (Simran). Nos filmes bons, as paixões vão sendo construídas. Nos filmes menos bons, dão-se de repente. É uma questão de o herói tentar irritar, insultar e perseguir um bom bocado a rapariga, que rapidamente esta cairá nos seus braços. Como se a insistência ou a infantilidade fossem o caminho para o coração de alguma mulher!


A partir do momento em que os dois iniciam uma relação, surge a oposição do pai de Simran, que a prometeu em casamento a um rapaz indiano (mesmo da Índia) quando esta nasceu.
Que o pai de Simran rejeite a oposição da filha ao casamento combinado, que fique furioso quando descobre que esta tem um namorado com quem quer casar, tudo isso é expectável.
Mas que essa oposição seja explorada de uma forma básica pelo grande actor Amrish Puri através do seu lendário olhar tresloucado de vilão (não esquecer que estamos a falar do homem que incarnou o temível sacerdote Mola Ram no segundo filme de Indiana Jones, aquele que arrancava corações palpitantes do peito de criancinhas aos gritos), isso já não é tão satisfatório.
O pai de Simran é o que se chama uma personagem plana, parece não nutrir quaisquer sentimentos pela filha, é irredutível na sua rejeição da relação de Simran e Raj e, de repente, no último minuto do filme, passa de "não casas com ele porque não" para "fica lá com o rapaz que vê-se que ele gosta mesmo de ti". Fim.

Pelo meio, há uma mão cheia de comentários chauvinistas em que as personagens indianas dizem com todas as letras que os ingleses (leia-se, ocidentais) têm uma moral fraca e que as suas atitudes são passíveis de corromper as dos jovens indianos, que obviamente são muito mais respeitadores e bem-comportados.

E assim é Dilwale Dulhania Le Jayenge. Um filme relativamente bem disposto, graças às palhaçadas ocasionais de Shah Rukh Khan, moralizante q.b. (típico da altura em que foi produzido) mas demasiado simplista para ser memorável. E ao contrário de alguns filmes similares em termos qualitativos, este nem sequer tem a contrapartida de uma boa banda-sonora. Com uma dou duas faixas engraçadas, tem a voz da já idosa Lata Mangeshkar a sair da boca de uma actriz décadas mais jovem. Estranho e desagradável ao mesmo tempo. Felizmente a indústria acabou por ceder ao óbvio e colocar cantoras de playback mais novas coladas à imagem de actrizes da mesma idade.

O melhor do filme, para mim, é a cena em que Kajol corre para os braço de Shah Rukh no meio de um campo de flores. Aqui está ela.

7 comments:

Ibirá Machado disse...

Meu primeiríssimo filme indiano que vi no cinema, na mostra de cinema indiano de SP, em 2007. Eu ainda nem sonhava que iria a Índia menos de um ano depois, que um ano depois criaria o Cinema Indiano, e muy menos ainda, que três anos depois estaria eu fazendo a curadoria da mostra. :)

A experiência no cinema valeu, mas o filme é beeeeeeeeem nada, mesmo...

Unknown disse...

Até gostei do filme. Claro que há melhores, mas vê-se bem.

Ricardo Santos disse...

Olá, é este o filme que estou a ver eheheheh, 4ª feira já acabo de ver (feriado), até ao intervalo não se passou grande coisa mas gostei da música quando a Kajol bebes uns copos a mais :)

Ricardo Santos disse...

http://www.youtube.com/watch?v=BdKxt9sLZB4

bárbara disse...

Este filme não é mau, é só muuuuito menos do que eu esperava.
Há filmes bem piores, é um facto.

A música da Kajol "tocada" é a outra música gira do filme, para mim :)

Carol Juvenil disse...

DDLJ é meio bobinho mesmo, eu lembro de ter ficado um pouco desapontada no fim. Ainda assim, é um filme fofo. Tive uma grande dificuldade ao assisti-lo por causa dessa história de o surgimento do amor deles não ter sido muito convincente. Quando a Kajol voltou da viagem, eu estava até me perguntando como fariam para criar uma história de amor entre eles...aí do nada Raj me aparece na Índia. Pensei "é, vou ter de aceitar isto e ser feliz". Também não entendi o pai da Simran permitindo tudo no fim...ah, vi DDLJ quando ainda pensava que tudo deveria ter um sentido muito bem explicado. Acho que ainda não entendia Bollywood muito bem (se é que consigo entender hoje) ;P

Digo e repito: Kajol bêbada é o melhor do filme inteiro. Eu ria tanto quando vi o filme, não entendo porque ri tanto.

Não ligo muito pra essa tal dupla explosiva que dizem ser Kajol e SRK...

bárbara disse...

"Não ligo muito pra essa tal dupla explosiva que dizem ser Kajol e SRK..." - como não? Oo

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