No seguimento do excelente post sobre "Muslim socials" no blog Cinema Indiano, descobri este belo filme de M. Sadiq, com Guru Dutt, Waheeda Rehman e Rehman nos principais papéis.
Consta que neste filme Dutt decidiu trabalhar com outro realizador que não ele próprio devido ao fracasso comercial da sua obra anterior - o lindíssimo Kaagaz ke Phool -, e que escolheu M. Sadiq em particular por considerar que um realizador muçulmano seria mais adequada para contar esta história que tem nas práticas socio-culturais do Islão a sua base e o seu cenário.
A história desenrola-se à volta da amizade inabalável entre três amigos e de como um deles se apaixona por uma desconhecida no mercado.
No momento em que está a repreender o seu amigo Shaiza (Johnny Walker) por este andar a observar as senhoras de véu (neste caso, "chadri") em pleno mercado, Pyare (Rehman) é surpreendido pelo erguer do véu da desconhecida Jameela (Waheeda Rehman) e fica imediatamente apaixonado.
Pyare tenta ao longo de todo o filme descobrir quem é a misteriosa mulher, determinado a casar com ela independentemente da sua origem ou da sua família.
Entretanto, e perante a pressão da sua mãe para que Pyare e o seu melhor amigo Aslam (Guru Dutt) se casem (não um com o outro, calma...), Pyare decide arranjar uma noiva ao amigo.
Trata-se de Jameela, filha do sacerdote e que Pyare nunca viu e que, qual comédia de enganos de Shakespeare, é precisamente a mulher enigmática que este procura!
Pyare não chega a vê-la e, após o casamento, continua à sua procura, contando para isso com a ajuda dos seus dois amigos.
Já na casa dos recém-casados Jameela e Aslam, estes conhecem-se finalmente e gostam de imediato um do outro.
A forma se olham denuncia os sentimentos que nutrem e rapidamente se desenvolve uma relação de amor apaixonado e, no caso de Jameela, de sincera devoção ao marido.
De todos os filmes indianos que já vi, devo dizer que Aslam e Jameela são o meu casal preferido. De longe!
Entretanto chega o dia em que Aslam percebe horrorizado que a noiva de sonho do seu amigo é a sua própria esposa.
Nesse momento, Aslam fica dividido entre a mulher que ama e com quem se casou e a amizade e a lealdade que tem para com o amigo.
Amigo esse para com quem tem uma grande dívida pessoal e que sempre o ajudou.
Numa tentativa desajeitada de fazer o que acha certo, Aslam tenta fazer com que a mulher o deixe, começando a chegar tarde a casa e frequentando sem interesse o estabelecimento de uma cortesã. A ideia é que Jameela se separe dele para se casar com Aslam.
Contar mais do que isto seria revelar o final mas digo já que não foge à escola de cinema de Guru Dutt em que os amantes são assombrados pela culpa e os bons acabam por sucumbir.
Chaudhvin ka Chand (A Lua do 14º Dia) é também um óptimo testemunho ficcionado da Lucknow de outrora e fará as maravilhas de qualquer pessoa que se interesse por música, poesia e costumes marcadamente islâmicos. Eu sei que eu gosto!
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Chaudhvin ka Chand
Escrevi sobre: Bollywood, Chaudhvin Ka Chand, Cinema Indiano, Crítica, Guru Dutt, Kaagaz ke Phool, Música Indiana, Muslim Socials, Portugal, Rehman, Waheeda Rehman
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3 comments:
Wah! Esse é do tempo dos nawabs...
É mesmo! Aslam é referido como "nawab" no filme ;)
Pois então, captei! :D
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