Por esta altura já Karan Johar era um realizador de quem se esperava boas coisas, assim quando foi anunciado o seu próximo filme Kabhi alvida naa kehna (Nunca digas Adeus), juntamente com a equipa de protagonistas, geraram-se altas expectativas junto do público Indiano.
É verdade que tem tudo o que se esperava, incluindo um trio amoroso a quatro, no entanto tem uma mão cheia de coisas que se espera sempre que fiquem fora do pacote. Em resumo, Kabhi…, tem o bom e o menos bom que torna os filmes indianos um desafio ao espectador interessado, mas vamos devagarinho…
Khan faz bem o que sabe fazer, mas algumas vezes força-me a desejar que não fique com a miúda, pois realmente o personagem não o merece. A interacção que tem com Rani é idêntica à que teve noutros exemplos e fica apenas acima da fasquia do habitual. Bons momentos, ainda que não aproveitem todo o potencial que a relação nos poderia envolver emocionalmente.
É, sem espinhas, a razão principal que justifica assistir ao filme dando o tempo por bem entregue.
A cinematografia é o normal nas produções indianas deste nível, ou seja, muito boa, mostrando todos os bonitos aspectos visuais de forma clara e pormenorizada. Idem para a música, que consegue expressar com emoção aquelas de que o filme trata.
A música e consequentes cenas dançantes são também dignas de nota, sem alaridos de maior, de certeza agradáveis para todos os que visitam este blog.
O tema do casamento e infidelidade é tratado de forma mais aberta e menos “felizes depois da tempestade” das produções habituais. De certa forma é um dos vários descendentes da linhagem iniciada por Silsila, mas agora já influenciado pelas mudanças sociais verificadas, uma Índia mais citadina influenciada pelo Ocidente mas que continua a circular à volta da tradição secular de onde retira a matéria que compõe o centro dramático e, nesse sentido, é um genuíno produto da cinematografia que representa.
Ainda existe aqui uma boa caminhada de evolução para que o cinema indiano se integre ao lado dos restantes como mais um que está de igual presente, quer no mercado de venda e aluguer, quer no circuito de festivais, sem a carga de marginal, ao qual apenas alguns predispostos a aceitar as suas insuficiências conseguem acesso.
Vamos partir uma laranja em seis pedaço. Depois, uma por uma, vamos comendo cada um deles com vagar e sem medos. Pelo menos dois desses gomos vão saber um pouco mal, mas também podemos pensar que nos fazem apreciar mais os restantes. Vai depender da sensibilidade gustativa. É isto igualzinho com esta película. Pessoalmente, preferia que tivessem deitado fora o que sabe mal, e teríamos ficado com um fruto sumarento.
Talvez pensem que estou a ser demasiado crítico, no entanto são apenas considerações a que o filme me levou a escrever, tomado por aquela sensação que todos temos quando vemos um filme de que gostámos, com pena de não ter sido totalmente aproveitado.
Vamos ver o que acontece no próximo filme de Johar que tenho aqui para espreitar.
Deixo-vos com uma sequência que bem me soube...
É verdade que tem tudo o que se esperava, incluindo um trio amoroso a quatro, no entanto tem uma mão cheia de coisas que se espera sempre que fiquem fora do pacote. Em resumo, Kabhi…, tem o bom e o menos bom que torna os filmes indianos um desafio ao espectador interessado, mas vamos devagarinho…
Longo demais, em parte devido a duas ou três sequências de cenas ou estorvos de argumento, que ora são ridículas (o sub-plot do sequestrador), ora são aborrecidas e que diminuem o todo (a infantilidade dramática do personagem de Khan, por exemplo), é preciso esperar que passem os minutos que não contam para nada para chegar àqueles que nos transmitem a emoção que almejamos dos actores envolvidos.
Em Abhishek e Amitabh Bachchan está concentrado a maior parte do ‘comic-relief’ que de vez em quando salta para a frente para compensar o dramatismo natural da história. São divertidos sem cair na parvoíce fácil e aproveitam bem os bons curtos diálogos de parada e resposta que lhe cabem.
Zinta, com uma personagem secundária que exige pouco dela, é talvez a mais prejudicada pela bidimensionalidade do papel, que desperdiça um pouco o que poderia ser se o caminho tomado fosse outro, menos caricatural.
Kirron Kher também está longe de se precisar esforçar, depois de ganhar três ou quatro prémios internacionais de melhor actriz por Khamosh Pani de 2003 ou de secundária por Devdas e Rang De Basanti. No entanto, é sempre com gosto que a vejo e aqui encarna perfeitamente um papel divertido, baseado em grande parte em expressões, sejam silenciosas, sejam em diálogo. Sempre um prazer ver esta actriz na tela.
Khan faz bem o que sabe fazer, mas algumas vezes força-me a desejar que não fique com a miúda, pois realmente o personagem não o merece. A interacção que tem com Rani é idêntica à que teve noutros exemplos e fica apenas acima da fasquia do habitual. Bons momentos, ainda que não aproveitem todo o potencial que a relação nos poderia envolver emocionalmente.
A verdade é que o filme é muito Mukherjee, o que é algo que cai no lado bom das coisas, pelo menos para o meu lado. Mesmo de um ponto de vista neutro quanto aos atributos óbvios da senhora, é ela que se torna a coluna central do filme e que constrói à sua volta tudo o que de agradável o argumento e a direcção conseguem atingir. É a personagem cuja maior complexidade centra o interesse e despoleta a interiorização por parte do espectador do núcleo fundamental da história. Mesmo quando tem de suportar algumas cenas que são... basicamente, anh… obtusas, fá-lo em alto registo e salva situações que nos poderiam pôr a ver o resto pelo canto do olho. Chegou para ganhar o prémio de melhor actriz. Não rouba o filme, nem por isso, mas lá que o mantêm à tona até chegar a terra...
É, sem espinhas, a razão principal que justifica assistir ao filme dando o tempo por bem entregue.
A cinematografia é o normal nas produções indianas deste nível, ou seja, muito boa, mostrando todos os bonitos aspectos visuais de forma clara e pormenorizada. Idem para a música, que consegue expressar com emoção aquelas de que o filme trata.
A música e consequentes cenas dançantes são também dignas de nota, sem alaridos de maior, de certeza agradáveis para todos os que visitam este blog.
O tema do casamento e infidelidade é tratado de forma mais aberta e menos “felizes depois da tempestade” das produções habituais. De certa forma é um dos vários descendentes da linhagem iniciada por Silsila, mas agora já influenciado pelas mudanças sociais verificadas, uma Índia mais citadina influenciada pelo Ocidente mas que continua a circular à volta da tradição secular de onde retira a matéria que compõe o centro dramático e, nesse sentido, é um genuíno produto da cinematografia que representa.
No entanto, interessante reparar é que se deixa também levar pelo capricho de filmar em Nova York, estratégia que atingiu uma boa parte do cinema indiano contemporâneo, em que os planos de fundo estrangeiros são só isso, locais de filmagem, sem que seja envolvido qualquer aspecto relacionado com o local em que é filmado, seja cultural ou socialmente, revelando que as premissas do cinema indiano permanecem pouco receptivos à inovação e utilizam o local e os seus habitantes como meros painéis e figuras de plástico que podiam ser conseguidos com o mesmo efeito num estúdio com tela verde e uns extras vestidos à ocidental à volta dos actores.
Ainda existe aqui uma boa caminhada de evolução para que o cinema indiano se integre ao lado dos restantes como mais um que está de igual presente, quer no mercado de venda e aluguer, quer no circuito de festivais, sem a carga de marginal, ao qual apenas alguns predispostos a aceitar as suas insuficiências conseguem acesso.
A espectacularidade dos enquadramentos continua a ser utilizada apenas como forma de esconder as insuficiências que continua a negar encarar e melhorar, em particular a qualidade dos argumentos (maturidade narrativa que se demarque do constante apelo ao sentimentalismo básico e que utilize sem pejo a cultura implícita que faz de Mehta ou Nair referências contemporâneas e/ou um casting realista que utilize as belas e talentosas actrizes que tem em papéis e que as aproveite na sua globalidade criativa uma vez que a nível técnico as produtoras possuem competências para superar a maioria do cinema que se faz pelo mundo).
Vamos partir uma laranja em seis pedaço. Depois, uma por uma, vamos comendo cada um deles com vagar e sem medos. Pelo menos dois desses gomos vão saber um pouco mal, mas também podemos pensar que nos fazem apreciar mais os restantes. Vai depender da sensibilidade gustativa. É isto igualzinho com esta película. Pessoalmente, preferia que tivessem deitado fora o que sabe mal, e teríamos ficado com um fruto sumarento.
Talvez pensem que estou a ser demasiado crítico, no entanto são apenas considerações a que o filme me levou a escrever, tomado por aquela sensação que todos temos quando vemos um filme de que gostámos, com pena de não ter sido totalmente aproveitado.
Vamos ver o que acontece no próximo filme de Johar que tenho aqui para espreitar.
Deixo-vos com uma sequência que bem me soube...
8 comments:
Olá! Acho que é a primeira vez que eu comento aqui! :)
Concordo bastante com as coisas ditas no texto (apesar de ter precisado reler umas frases umas duas vezes porque prtguês de Prtgal é meio diferente).
Na verdade, dos filmes que já vi do Karan, é o que eu menos gosto. No começo dei boas risadas, mas do meio pro final senti vontade de dormir. Mas gostei muito do Abhi e do Big B.
Arleqvino, que feliz regresso! Sempre com "insights" pertinentes :)
Às vezes sinto o mesmo, ou seja, que só o cinema declaradamente indiano kitsch ou datado me satisfaz plenamente e sem reservas.
O cinema de grande qualidade técnica - como o de Johar - às vezes soa demasiado a falso. Parece uma coisa e é outra.
Isa, sê bem-vinda e comenta mais, plizz. Se experimentares ler mentalmente com sotaque português torna.se mais fácil (e engraçado)!
Ixi, que ainda não vi esse filme, né? Fico com preguiça, confesso.
Mas gostei muito do texto, muito mesmo.
Isa, you must be uma garota participativa!
Isa, you must be uma garota participativa! [2]
Google translations by Ibirá Machado!
Ah! Esqueci-me de dizer: amo esta musiquinha ^_^
(E, Isa, you must remember os comentários que postou!)
Vou tentar imaginar alguém lendo aquilo tudo em voz alta... ou como se estivesse declamando (acho que vocês usarem as segundas pessoas com frequência tornam tudo mais poético). \o/
Gostei deste filme devido á Maya e ao Rishi e a eterna questão da nossa melhor amiga ser a mulher ideal para nós.... 5*****
http://videos.sapo.pt/k9Z9ZCOrDwOOFiuC34fL
Eu não gostei deste filme quase todo, daí na cena final eu entendi que a Maya e o SRK não poderiam fazer nada quanto ao fato de estarem apaixonados, então chorei até não poder mais e vi o filme mais duas vezes. Amo muito.
Eu fico muito mal ouvindo as duas canções tristes do filme, KANK e Tumhi Dekho Na. É uma das minhas trilhas favoritas de Shankar-Ehsaan-Loy, apesar de eu detestar Mitwa :)
Mesmo gostando de alguns filmes dele, queria que o Karan Johar parasse de fazê-los.
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