Que achado!
Foi completamente por acaso que me deparei com este filme e quis logo comprá-lo. Tem dois dos meus actores preferidos do cinema indiano, Rahul Bose e Konkona Sen Sharma.
São os dois actores sérios, muito versáteis, e lideram a actual geração de actores do chamado cinema paralelo indiano (que é como quem diz, cinema alternativo, "art house", o que quiserem).
Ainda não deu para reparar pelo blog, mas entrei numa fase de interesse por filmes que abordam o terrorismo, e Mr. and Mrs. Iyer é um destes casos.
Realizado em 2002 por Aparna Sen (realizadora, actriz e mãe de Konkona Sen Sharma), Mr. and Mrs. Iyer tem como enredo a improvável aproximação entre um muçulmano do Norte da Índia e uma Hindu ortodoxa tamil.

No autocarro seguem também muitos hindus, alguns sikhs, um casal de idosos muçulmanos e um judeu.
De repente o autocarro é tomado de assalto por radicais hindus que no seguimento de um motim procuram muçulmanos com o intuito de os linchar.
É então que Meenakshi (a personagem de Sen), a hindu que minutos antes mostrara a sua repulsa por ter bebido a mesma água que um muçulmano, passa o seu bebé para os braços de Raja (interpretado por Bose) e o faz passar por seu marido.
Ninguém no autocarro desconfia e Raja escapa ileso. Isto é, ileso de ser chacinado, mas não de testemunhar, juntamente com Meenakshi, o massacre de outro muçulmanos como ele.
No entanto, Mr. and Mrs. Iyer não é um filme politicamente correcto.
Em várias ocasiões, Raja questiona a legitimidade do sistema de castas que coloca Meenakshi practicamente num pedestal.
E Meenakshi, ainda que não concordando ao início, acaba por comer comida confeccionada por pessoas de origem "desconhecida" e partilhar a hora da refeição com um não-vegetariano.
Mas quanto a isto, devo dizer que adorei o sentido de justiça da realizadora, que em nenhum momento toma o partido de uma única religião, mas sim o da tolerância. Sempre.
Também gostei muito que em Mr. and Mrs. Iyer os vilões não sejam os previsíveis (mas tantas vezes injustiçados) muçulmanos.

No final, suponho que seja essa a mensagem. Como já diziam os Depeche Mode, "people are people". E é mesmo assim.
4 comments:
Putz! E essa postagem não só me deixou com vontade como fez-me lembrar do filme Shaurya, que eu assisti no cinema lá na Índia, sem legendas, e nunca consegui encontrar para baixá-lo em canto algum.
Shaurya é também com Rahul Bose, que também gosto muito, e se passa na Caxemira, envolvendo o conflito de um soldado do exército indiano, tendo que lutar contra os invasores paquistaneses. Como a briga entre ambos os países é mais religiosa que qualquer coisa, o conflito é grande. Essa palavra significa "coragem", mas no sentido de valentia, de valor próprio. Ai, tudo isso porque fiquei muito curioso já que, na verdade, "entendi" o filme pelas imagens, somente.
A ver se acho Shaurya e agora este também.
Este filme é excelente. E já procurei o Shaurya na Amazon e encontrei! Talvez venha a comprá-lo, porque para mim Rahul Bose é sinónimo de qualidade :)
Finalmente assisti, e que filme lindo, meu deus! Em breve lanço minha postagem :)
É, não é? E a parte do fim, em que ela vai ter com o marido? Heartbreaking!
Para não falar da cena no comboio em que eles quase... enfim, nada típico de Bollywood.
Postar um comentário