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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mr. and Mrs. Iyer



Que achado!

Foi completamente por acaso que me deparei com este filme e quis logo comprá-lo. Tem dois dos meus actores preferidos do cinema indiano, Rahul Bose e Konkona Sen Sharma.
São os dois actores sérios, muito versáteis, e lideram a actual geração de actores do chamado cinema paralelo indiano (que é como quem diz, cinema alternativo, "art house", o que quiserem).

Ainda não deu para reparar pelo blog, mas entrei numa fase de interesse por filmes que abordam o terrorismo, e Mr. and Mrs. Iyer é um destes casos.

Realizado em 2002 por Aparna Sen (realizadora, actriz e mãe de Konkona Sen Sharma), Mr. and Mrs. Iyer tem como enredo a improvável aproximação entre um muçulmano do Norte da Índia e uma Hindu ortodoxa tamil.

Conhecem-se numa viagem de autocarro - ele viaja em trabalho e ela regressa com o filho para junto do marido.

No autocarro seguem também muitos hindus, alguns sikhs, um casal de idosos muçulmanos e um judeu.

De repente o autocarro é tomado de assalto por radicais hindus que no seguimento de um motim procuram muçulmanos com o intuito de os linchar.

É então que Meenakshi (a personagem de Sen), a hindu que minutos antes mostrara a sua repulsa por ter bebido a mesma água que um muçulmano, passa o seu bebé para os braços de Raja (interpretado por Bose) e o faz passar por seu marido.

Ninguém no autocarro desconfia e Raja escapa ileso. Isto é, ileso de ser chacinado, mas não de testemunhar, juntamente com Meenakshi, o massacre de outro muçulmanos como ele.

No entanto, Mr. and Mrs. Iyer não é um filme politicamente correcto.
Em várias ocasiões, Raja questiona a legitimidade do sistema de castas que coloca Meenakshi practicamente num pedestal.
E Meenakshi, ainda que não concordando ao início, acaba por comer comida confeccionada por pessoas de origem "desconhecida" e partilhar a hora da refeição com um não-vegetariano.

Mas quanto a isto, devo dizer que adorei o sentido de justiça da realizadora, que em nenhum momento toma o partido de uma única religião, mas sim o da tolerância. Sempre.

Também gostei muito que em Mr. and Mrs. Iyer os vilões não sejam os previsíveis (mas tantas vezes injustiçados) muçulmanos.

Aos olhos do telespectador conservador de cinema indiano, Mr. and Mrs. Iyer poderá ser considerado um filme arrojado. Tem palavrões, nudez, violência, e são quebradas muitas barreiras sociais. Além disso, o desenrolar do filme leva-nos a desejar mesmo que Raja e Meenakshi se beijem, se toquem, qualquer coisa. E que vivam felizes para sempre!

No final, suponho que seja essa a mensagem. Como já diziam os Depeche Mode, "people are people". E é mesmo assim.

4 comments:

Ibirá Machado disse...

Putz! E essa postagem não só me deixou com vontade como fez-me lembrar do filme Shaurya, que eu assisti no cinema lá na Índia, sem legendas, e nunca consegui encontrar para baixá-lo em canto algum.

Shaurya é também com Rahul Bose, que também gosto muito, e se passa na Caxemira, envolvendo o conflito de um soldado do exército indiano, tendo que lutar contra os invasores paquistaneses. Como a briga entre ambos os países é mais religiosa que qualquer coisa, o conflito é grande. Essa palavra significa "coragem", mas no sentido de valentia, de valor próprio. Ai, tudo isso porque fiquei muito curioso já que, na verdade, "entendi" o filme pelas imagens, somente.

A ver se acho Shaurya e agora este também.

bárbara disse...

Este filme é excelente. E já procurei o Shaurya na Amazon e encontrei! Talvez venha a comprá-lo, porque para mim Rahul Bose é sinónimo de qualidade :)

Ibirá Machado disse...

Finalmente assisti, e que filme lindo, meu deus! Em breve lanço minha postagem :)

bárbara disse...

É, não é? E a parte do fim, em que ela vai ter com o marido? Heartbreaking!
Para não falar da cena no comboio em que eles quase... enfim, nada típico de Bollywood.

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