Escrito, produzido e interpretado pelo actor Dilip Kumar, Gunga Jumna foi realizado por Nitin Bose em 1961, tornando-se um dos maiores sucessos do cinema indiano.
O título faz uma alusão a dois rios sagrados da Índia e ao nome dos dois irmãos que protagonizam o filme, Gunga (Dilip Kumar) e Jumna (Nasir Khan, irmão de Dilip Kumar na vida real).
Tendo como pano de fundo a Índia rural pós-independência, onde ainda subsistem muitas injustiças socias e onde se mantém uma ordem pseudo-feudal, Gunga Jumna conta-nos a história de uma mãe que, trabalhando em casa de um senhor feudal juntamente com o filho mais velho, sofre todas as provações e maus tratos para poder sustentar a família e educar o filho mais novo, Jumna.
Um dia é injustamente acusada de roubar aos patrões e literalmente morre de desgosto, deixando os filhos orfãos. O mais velho, Gunga, continua a missão da mãe em manter Jumna na escola, trabalhando de sol a sol.
Na escola, o pequeno Jumna aprende que as crianças de hoje serão os líderes do futuro e que a nova Índia tem grandes expectativas e oportunidades para elas.
Anos mais tarde, Jumna parte para prosseguir os estudos e Gunga compromete-se a continuar a sustentá-lo.
No entanto, após uma tentativa falhada do senhor feudal de violar Dhanno (Vyjayanthimala), a amiga de infância de Gunga, o primeiro volta a acusar injustamente Gunga de roubo e este torna-se proscrito nas montanhas, associando-se a um grupo de bandidos.
Dhanno segue também Gunga para as montanhas, pois, como é reiterado no filme, ela só o tem a ele. Dá-se o casamento dos dois, para insatisfação do sacerdote local, que acha que Gunga não deve casar com alguém de uma casta inferior.
Nessa cena dá-se um dos muitos comentários sociais (implícitos e explícitos) do filme, quando Gunga acusa o padre de hipocrisia, pois este nada fez para impedir os habitantes da aldeia de castas mais baixas de tentar linchá-lo.
Entretanto, o honesto e esperançoso Jumna regressa à aldeia depois de um período de grandes dificuldades económicas na cidade. E regressa como agente da polícia. Como é óbvio, os dois "rios" acabam por convergir e o que daí sai é uma tragédia à moda do bom cinema clássico indiano.
Como poderão ler nesta excelente crítica do filme escrita por Philip Lutgendorf, Gunga Jumna é uma reflexão sobre como, apesar de todos os discursos sobre a igualdade de oportunidades e de tratamento para todos, os pobres e as pessoas das zonas rurais são sempre pisadas para que outros possam prosperar.
E quem acreditar piamente nesses mesmos discursos talvez esteja a ser demasiado inocente.
Globalmente, Gunga Jumna é um filme muito interessante e cativante, tem um bom enredo, cenários rurais fantásticos, coreografias de danças populares muito animadas, e detalhes muito interessantes (como por exemplo o facto de os aldeãos Gunga e Dhanno falarem entre si em Bhojpuri e o educado Jumna usar o Khariboli).
Gostei muito.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Gunga Jumna
Escrevi sobre: Bollywood, Cinema Indiano, Crítica, Dilip Kumar, Gunga Jumna, Nasir Khan, Nitin Bose, Portugal, Vyjayanthimala
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4 comments:
Essas músicas e coreografias desse tempo eram tão divertidas! Onde foram parar?
Gostei bastante desse texto. Só fez aumentar a vontade de ver esse clássico :D
Esse desejo será satisfeito em breve ;)
I ahve never seen this but your write up menas i'll definitely check it out as i love both Dilp and Vyjayanthimala, i would also siggest Naya Daur to you, it stars Dilip and Vyjayanthimala as well, and it has a very nice message in it
Thanks, Bollywooddeewana :) I have added Naya Daur to my Amazon wishlist.
I just love Dilip Kumar, he's great. A true classic hero!
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