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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Satyajit Ray’s Shatranj Ke Khiladi

Os Jogadores de Xadrez (1977)

Sei que não foi o primeiro filme Indiano que vi, no entanto foi o primeiro que guardei na memória e na minha lista de filmes favoritos, a cuja vestoria passo como por saudade. Tinha 18 anos e saquei-o de casa do pai da namorada de então, que é um apaixonado por cinema e a quem agradeço a introdução ao cinema Indiano com um maior pendor de autor.
Quando o filme foi lançado em Inglaterra, as críticas pareceram-me, pelas duas que li, impregnadas de partenalismo. O filme tem como fundo condutor a ocupação do último estado Indianao (Owadh) que permanecia sobre o governo de um rei nacional, e que se mantinha à conta dos fundos que periodicamente entregava ao Império Britânico para as suas campanhas militares.

Foi então, lendo os comentários de cidadãos Indianos a viver em Inglaterra que percebi que existia uma língua chamada Urdu (idioma nacional do Paquistão e falada nas regiões centrais da India), que parecia ser essencial para a compreensão do filme, que é tricotado pela utilização da linguagem, Inglês, Hindi e Urdu. Tal pormenor mostrou-se realmente importante para o completo desfrutar do filme (ainda que apenas pela expressão dos actores) e razão por ser hoje considerado como um clássico.
Dado que a obra é adaptada do livro homónimo de Premchand, autor muito considerado no seu país, ainda que pouco conhecido pela literatura mundial, parte das criticas negativas da altura por parte dos conterraneos de Ray foi o facto de este ter escrito um argumento em que ambos os pontos de vista (Britânicos e Indianos) eram mostrados, criando personagens novas, o que não acontece no romance que é totalmente descrito através dos diálogos dos jogadores de xadrez (Sanjeev Kumar e Saeed Jaffrey) e das considerações do rei e seus súbtidos. Ray (que arriscava o primeiro filme Hindi, após já possuir uma respeitada carreira com obras Bengali) ficou no meio de dois fogos e o filme foi remetido ao esquecimento, assim como os amigos jogadores esquecem todo o desmoronar social que se passa à sua volta, embrenhados que estão no seu partinhado vício pelo xadrez.

Lembro-me sempre de uma frase em que é dito que “Foram os Indianos que inventaram o jogo, mas foram os Britânicos que o tornaram conhecido no mundo!”.
O desfecho do jogo pelas regras originais é lento mas aprimora a paciência e contemplação do jogador, mas as alterações introduzidas por exteriores à cultura original tornaram-no mais célere, diversificado e interessante a quem o observa de fora.
O filme é, na minha interpretação, sobre isso mesmo. Os resultados de culturas em oposição e em coadjuvação, as coisas novas que se criam quando coisas diferentes se encontram, umas coisas melhoram e outras pioram, o ponto de vista faz variar a visão da coisa.
Pretas contra brancas, galos em luta de morte, Ingleses e Indianos em desiquilibrio, esposa e esposo em desentendimento, a conquista e o abandono final.
Para os ocidentais o filme descrevia a forma impotente e resignada como os Indianos entregaram a provincia, uma vez que se não eram capazes de cuidar das suas mulheres também não o eram de tomar conta da sua terra, e sendo assim era honesto e um filme com algum interesse.
De um terceiro ponto de vista (o dos Hindi que não se importaram com as libertades de Ray no argumento), o filme retrata na perfeição o tom da linguagem Urdu.
Onde o ocidental entende este tom delicado como sinal de fraqueza, resignação e humilhação, este tem subentendido, como se fosse uma troca de olhares entre amantes, a frustação, o ódio e o nojo em ver a marcha dos invasores a entrar na sua cidade.

Muito dificil de apanhar em dvd com legendagem portuguesa (para dizer a verdade nem sei se existe alguma edição) o filme pode ser visto (de vez em quandooooo) na Cinemateca de Lisboa.

Deixo-vos o único momento musicado do filme, em que se dança (mostrando como seria no séc.XIX) para o prazer de um soberano poeta...

1 comments:

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá pessoal!

É só para vos dar a conhecer que lancei uma segunda edição do concurso no meu blogue. Os prémios desta vez são mais aliciantes, assim como a competição será mais prolongada. Agradecia que, se não vos causasse qualquer tipo de inconveniente, divulgassem no vosso blogue. Claro está que estão mais do que convidados a participar!!!

Abraço e obrigado!

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