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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mere Huzoor


Lançado em 1968, Mere Huzoor insere-se na categoria de filmes indianos conhecida como Muslim social, um tipo de filmes que, por norma, eu adoro.

A Wikipedia indica que os Muslim socials estão divididos em duas categorias, '"classic Muslim socials" that explore nawabi culture and focus on upper class or elite Muslim families, and "new wave Muslim socials" that portray middle class Muslim families who experience economic problems, discrimination and communal violence. Muslim socials often include ghazals and qawwalis, musical forms commonly associated with Islamic culture.' Mere Huzoor pertence ao primeiro tipo.

Como disse, adoro este género de filmes. Mas não gostei de Mere Huzoor.

Não sendo propriamente aborrecido, Mere Huzoor não traz nada de novo, que não, como a nossa amiga blogueira Carol notou, uma degradação do carácter de uma das personagens principais, algo que é invulgar no cinema popular indiano.

O enredo de Mere Huzoor centra-se no triângulo amoroso Akhtar (Jeetendra), Sultanat (Mala Sinha) e Salim (Raaj Kumar).

Akhtar apaixona-se por Sultanat quando esta levanta o véu da sua burca (alerta cliché) e Sultanat, por seu lado, apaixona-se pelos versos de Akhtar.
Salim, amigo de Akhtar, também se apaixona por Sultanat e decide mudar o seu estilo de vida boémio para casar com ela. Mas a sua proposta de casamento é recusada pelo pai de Sultanat, que acaba por casá-la com Akhtar.

Esta decisão deixa Salim de coração partido e este nunca mais recupera a sua jovialidade, passando a dedicar a sua devoção ao filho pequeno do casal, que trata como a prole que nunca teve.

Entretanto, o apaixonado Akhtar cai nos braços de uma amante carente e dominadora e, quando Sultanat descobre que o marido já não é assim tão devoto e faz uma cena, Akhtar divorcia-se dela, para que fique livre para fazer o que quiser.
Previsivelmente, Sultanat começa a ficar mal-falada, pois os vizinhos atribuem-lhe a culpa do seu divórcio. É então que Salim surge em seu socorro, fazendo dela uma mulher honrada ao propôr-lhe um segundo casamento (que nunca chega a ser consumado pois a casta Sultanat ainda gosta do marido traidor, como boa esposa que é, e Salim respeita isso).

Nada de novo, portanto. O final de Mere Huzoor, que passarei a contar (contrariando a minha tendência de não fazer spoilers) é uma desilusão ainda maior do que a história que o antecede: Akhtar decide despedir-se do filho e deixar a cidade, tendo compreendido que desperdiçou um bom casamento e que este é irrecuperável; Salim vai atrás de Akhtar para que este não vá embora e volte para a mulher e, enquanto corre atrás dele, é atropelado. Sultanat chega até ele mesmo a tempo de Salim exalar o último suspiro. Todos choram.
Sultanat cria o filho sozinha e Akhtar torna-se vagabundo. O fim.

Mere Huzoor não é um filme interessante mas não é um total desperdício de tempo. Tem muitos interlúdios realmente cómicos e cenários ricos e apelativos.
E tem uma boa banda-sonora, da qual se destaca Jhanak Jhanak Tori Baje Payaliya, cantada por Mana Dey e cujo coreografia conta com a participação da adorável Laxmi Chhaya como bailarina secundária.
Este número musical é sem dúvida assinalável. A coreografia acompanha a desgraça do pobre Salim e a música tem alguns pormenores singulares.
Infelizmente a boa actuação de Raaj Kumar - que aqui está bem patente - não chega para compensar a "boneca" Mala Sinha. É curioso como às vezes as actrizes mais bonitas são as menos competentes (veja-se o estranho caso Sharmila Tagore), limitando-se a fazer expressões e olhinhos desprovidos de significado mas que certamente alguém lhes terá dito que as fazia giras.

1 comments:

Carol Juvenil disse...

Gente, QUE ENGRAÇADO. Acho a Mala Sinha feia e talentosa, enquanto você a acha bonita e sem talento!

Gosto muito de Mere Huzoor, apesar de este filme despertar o meu alerta de "Tá tudo errado" quase o tempo inteiro. A questão é que é uma história toda errada embalada em um pacote muito bonito,o que acredito que faça valer a pena. É a questão do pacote bonito que me faz amar tanto coisas como os filmes da Rajshri, por exemplo.

Agora, jamais vou aceitar a morte do Salim. É por isto que criei na minha mente o Mere Huzoor Carolzita Version, e nele a Sultanat se casa com o Salim, que volta a ter olhos felizes. Ele se torna um poeta todo polêmico e engajado em questões sociais, escrevendo sobre como as mulheres devem ter direito à felicidade (e ao divórcio, claro!). A Sultanat cria uma associação de apoio às mulheres viúvas e divorciadas indianas, na qual as mulheres aprendem que não precisam de homem nenhum e que seu potencial ultrapassa a questão de formar família. O filho dela torna-se um político super legal que luta pelos direitos das crianças. Quanto ao idiota do Akhtar, passa o resto da vida sendo um velho reclamão, pois, como o bom machista que é, não consegue se adequar à nova sociedade indiana que está sendo construída pela família Salim-Sultanat-garotinho fofo. Fim!

Eu poderia ganhar muito dinheiro com isso.

E não esqueçamos da principal lição de MH: acima de qualquer ator e qualquer história, está o Eastmancolor ♥

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