À medida que o espectáculo foi avançando, não pude deixar de pensar na sensação de realização pessoal que deve acompanhar a concretização de um projecto destes.
Esperemos que estes tenham sido os primeiros de muitos espectáculos deste género no nosso país.
A Casa da Música estava praticamente cheia para receber este grupo de bailarinos e músicos profissionais que, ao longo de duas horas, nos apresentaram uma espécie de buffet da música e dos estilos de dança normalmente veiculados no cinema popular de Mumbai, vulgo Bollywood.
Acompanhados por um narrador e por uma projecção de imagens por cima do palco, abriram a noite com a animadíssima Deewangi Deewangi de Om Shanti Om, a que se seguiu um medley com algumas das músicas mais populares do cinema indiano contemporâneo (incluíndo as que fizeram parte da banda-sonora da telenovela Caminho das Índias).
A partir daí fomos introduzidos à história da música indiana e à sua base rítmica. Dois percussionistas apresentaram os respectivos instrumentos musicais, colocando-os em diálogo entre si e com o público.
As coreografias e a música que vemos nos filmes, mesmo nos mais modernos e comerciais, têm uma raíz clássica e tradicional muito forte e foi isso que pudemos saborear de seguida, com a entrada em palco de uma bailarina de Bharatanatyam.
Aberta que estava a porta para a apresentação de dança clássica, o espectáculo avançou com a apresentação do estilo Kathak, começando com coreografias de filmes de época e com uma descrição da função das cortesãs no período Mogul.Numa nota pessoal, estes momentos encheram-me completamente as medidas. Umas atrás das outras, vimos desfilar músicas de Devdas, Mughal-e-Azam, Pakeezah e Umrao Jaan, terminando com Salam-E-Ishq, do filme Muqaddar Ka Sikander. A cereja no topo do bolo foi ter sido incluída a introdução instrumental magnífica da música Pyar Kiya To Darna Kya.
Estas são, no entanto, formas "corrompidas" do Kathak puro. A amplitude rítmica, gestual e narrativa daquele que é um dos mais antigos estilos de dança da Índia foi brilhantemente explorada pela bailarina Aditi Bhagwat. O público ficou verdadeiramente hipnotizado e creio que qualquer pessoa presente adoraria assistir a um espectáculo desta artista a solo. Caham...
Seguiram-se mais medleys de música pop e, finalmente, a actuação dos cantores vindos da Índia.
Bhanu Pratap Singh, ex-concorrente do programa Indian Idol, mostrou ser um grande comunicador e animou bastante as hostes. Cantou Teri Ore em dueto com Pratibha Singh, ex-concorrente do programa Sa Re Ga Ma. E foi arrepiante (no bom sentido) ver a facilidade com que esta intérprete transitou de um registo vocal muito próximo do de Shreya Ghoshal para o da arrojada Sunidhi Chauhan ao interpretar Sajna Ve Sajna logo de seguida.
Infelizmente a actuação dos dois cantores foi muito curta, queríamos ver mais.
Com mais alguns medleys dos hits mais recentes, o espectáculo foi avançando para o seu fim. Pelo caminho ficaram surpresas muitíssimo agradáveis como quase todas as coreografias de Devdas de uma assentada e a inesperada mas fundamental Choli Ke Peeche Kya Hai, uma música que se tornou conhecida por todos os motivos errados!
A única coisa que faltou durante a noite, a meu ver, foi um número de Bhangra para completar o ramalhete. Logisticamente imagino que fosse complicado pôr em cena uma coreografia tradicional de Bhangra com a roupa adequada e apenas com quatro bailarinos do sexo masculino. Mas o facto é que Bollywood sempre recorreu a temas de Bhangra para anunciar casamentos ou situações festivas e o impacto de côr e ritmo que um número de Bhangra poderia trazer a um espectáculo deste género seria impressionante. Fica aqui a ideia.
O Bollywood Show tem um formato diferente daquilo a que o público português está tradicionalmente habituado mas a receptividade foi grande. E demonstrou que as coreografias Bollywood podem sobreviver quando retiradas do seu contexto (i.e. os filmes).
No entanto, ver os filmes enriquece a experiência de ouvir/ver as canções. Elas têm uma função narrativa importante e não existem no vácuo (ao contrário do que acredita quem nunca viu um filme indiano).
Por fim, é de louvar a decisão da organização em promover também o Bollywood Show fora dos circuitos de comunicação restritos às várias comunidades indianas residentes em Portugal.
Esperamos sinceramente que tenha sido uma aposta ganha.

Infelizmente não pude ir, mas acredito que deve ter sido espectacular.Paciência! Fica para a próxima.
ResponderExcluirClaro! Estou convencida que haverá mais deste género ;)
ResponderExcluirQue grande espectáculo deve ter sido
ResponderExcluirgostava de ter ido
Vera