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domingo, 11 de julho de 2010

Girlfriend

Realizado em 2004 por Karan Razdan, o filme Girlfriend ganhou notoriedade por abordar um assunto pouco retratado no cinema popular indiano, a homossexualidade feminina.
Isso, e também por permitir às audiências indianas desfrutar de cenas com algum conteúdo erótico entre duas raparigas bonitas, sem o estigma de o fazerem dentro de um contexto pornográfico.

O enredo não é inédito mas nem por isso perde potencial.
Duas estudantes universitárias partilham uma casa e, numa noite de copos, acabam por dormir juntas. Para uma delas - Sapna-, essa noite não tem qualquer significado, mas para outra - Tanya - é o início de uma grande paixão.

Depois da faculdade continuam a viver juntas por mais alguns anos sem que haja qualquer envolvimento físico, mas tendo obviamente uma relação de amizade muito intensa.

Entretanto, durante uma ausência de Tanya, Sapna arranja um namorado.

A partir daí, Tanya tenta por todos os meios separá-los, seja através de intrigas ou do confronto directo com o namorado de Sapna.


Este acaba por acreditar que elas têm uma relação amorosa e decide afastar-se, avisando Sapna do carácter obessivo de Tanya.
Mas Sapna é a "boazinha" da fita e acha que essas acusações são infundadas, acreditando que o amor de Tanya nada tem de carnal.

Como eu disse, o enredo tem potencial.

E apesar de o filme conter alguns clichés sobre o que é uma lésbica (cliché número 1: as lésbicas são todas machonas; cliché número 2: as lésbicas deslocam-se de moto; cliché número 3: as lésbicas rodeiam-se de amigos gays muito efeminados), o realizador limitou-se a retratar com honestidade um triângulo amoroso em que uma das pessoas é deixada de fora e sofre por causa disso.

No entanto, à medida que o final do filme se aproxima e a obsessão de Tanya escala em termos de violência, a coisa descarrila e ficamos a saber que Tanya gosta de mulheres porque sofreu abusos durante a infância e que - esta deixou-me mesmo fora de mim - o seu lesbianismo deve-se ao facto de se sentir um homem preso no corpo de uma mulher.
Vejam a sequência de frases:

"Sou lésbica..."
"... um rapaz preso no corpo de uma rapariga."
Inacreditável! Esta sequência é tão desinformativa que nem sei por onde começar.
Mas começo assim:
- a homossexualidade não deriva de traumas de infância
- a homossexualidade não está relacionada com problemas mentais
- uma pessoa homossexual não é necessariamente uma pessoa transgénero - e vice-versa

Espero que em breve um outro Karan do cinema indiano, que muito tem feito para desmistificar preconceitos sobre castas, religião e identidade sexual através dos seus filmes, nos faça a todos o favor de realizar ou produzir um filme com temática gay mas a sério.

Uma vez que eu adoro colocar links e que Julho é o mês em que por todo o mundo são celebrados e reivindicados os direitos da comunidade LGBT, achei oportuno colocar algumas ligações sobre este assunto aqui no site:

PortugalGay
ILGA Portugal
AMPLOS - Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual

Para terminar, aqui ficam algumas das tais "cenas com algum conteúdo erótico entre duas raparigas bonitas" de que falei no início. Não queremos que falte nada a ninguém!

4 comments:

Anônimo disse...

Esse FAIL teria sido evitado com uma simples consulta do amigo dicionário.
What a dummer :l

Ibirá Machado disse...

Virge, what a deception! Assista "My Brother... Nikhil", então, e verá outro nível de filme abordando a homossexualidade, de maneira muito mais digna e sensível.

Mas gostei do texto, você fica bem inspirada quando algo de fato te toca :D

Carol Juvenil disse...

Eu ri tanto do "... um rapaz preso no corpo de uma rapariga."!

É bom haver esse tipo de coisas para vermos que a falta de informação está presente até naqueles que atingem um grande público com suas obras...ô perigo.

bárbara disse...

Yeps. Eu continuo a ficar surpreendida e triste com estas coisas.

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