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terça-feira, 11 de maio de 2010

Entrevista a Lajja Sambhavnath - Versão Traduzida


A propósito do espectáculo Vislumbres da Índia, que terá lugar no próximo dia 15 de Maio na Aula Magna, em Lisboa, tivemos a oportunidade e o prazer de entrevistar a bailarina indiana Lajja Sambhavnath, que é também professora de Kathak na Comunidade Hindu de Portugal.

O espectáculo é já no próximo sábado e contará também com a participação de Tarikavalli, bailarina de Bharatnatyam (dança indiana clássica do Sul), e dos músicos Paulo Sousa (sitar) e Raimund Englehardt (tabla). Clicando aqui poderão ler mais detalhes.


Esta é apenas a tradução da entrevista - para que possa ser acompanhada pelos nossos leitores que não falam Inglês. Uma vez que há significados que frequentemente se perdem nas traduções, aconselhamos quem puder a ler a versão original em Inglês.

GM Em primeiro lugar, fale-nos um pouco sobre si. Quando e como é que começou a aprender dança clássica indiana?

LS Eu acredito em explorar a dança (a dança clássica indiana Kathak) como um meio flexível de unir sensibilidades, conduzindo com vista a um progresso de “mentes” e de “artes”.
A flexibilidade inerente ao Kathak e a sua habilidade para absorver a mudança e entregar-se a inovações enquanto forma de dança sempre me fascinou.

Durante os meus estudos na Escola de Kathak de Jaipur (como bacharel), um encontro casual com Padmabhushan Kumudini Lakhia na fase inicial do meu processo de pensamento quase me obrigou a estudar sob a sua tutela, resultando numa pesquisa enquanto bolseira (pela University Grants Commission do Governo da Índia) intitulada ‘Contemporary Sensibilities vis a vis the heritage of Kathak’ (As Sensibilidades Contemporâneas Face à Herança do Kathak).
Essencialmente visionária, ela ensinou-me a criar a ponte entre a vida e a arte e a estimar a dignidade do corpo humano quanto bailarina.

Possuo também uma licenciatura e uma pós-graduação em Artes Performativas de Escola Tradicional de Kathak de Jaipur pela Universidade Maharaja Sayajirao, em Vadodara, e uma licenciatura em Vestuário e Têxteis, tendo-me especializado em Tecelagem pela mesma Universidade.


GM A Lajja é a professora residente de Kathak da Comunidade Hindu de Portugal e as suas aulas são abertas a qualquer pessoa que queira aprender esta forma de dança. O que acha que os seus alunos procuram quando se inscrevem nas aulas?

LS Normalmente há dois tipos de alunos – os de ascendência indiana e os da comunidade europeia mais abrangente e da comunidade portuguesa local.

Os alunos que se inscrevem vêm com uma ideia da Índia (e das artes e danças indianas) como sendo algo belo, enigmático e misterioso. A sua associação imediata é com os filmes de Bollywood e com a mais recente e muito famosa telenovela 'Caminhos da Índia', e com a noção da Índia e das artes e danças indianas aí retratadas.
Resumidamente, os dois grupos de alunos referidos acima possuem uma das três abordagens básicas:

1) Inquisidora (são curiosos), vêm com uma mente curiosa, querem aprender algo que é alheio à sua cultura e que por isso vale a pena explorar.

2) Os profissionais; alguns tiveram formação prévia ou praticam em simultâneo alguma forma de dança ocidental. Estes alunos pretendem aprender um novo vocabulário do movimento, diferente do que já conhecem, e que embora diferente do que já possuem, enriquece o seu vocabulário do movimento já existente.

3) O outro grupo tem um interesse académico. Vem com estudo e conhecimento aprofundados sobre os aspectos das artes e da dança e vem com respeito e vontade de explorar este mundo diferente, e também para aprofundar a sua compreensão.


GM O Kathak nasceu no Norte da Índia e é uma forma de contar histórias. Pode contar-nos mais sobre as suas técnicas e reportórios?

LS O Kathak teve origem nas planícies do Ganges no Norte da Índia. Como o nome indica, o Kathak era a dança dos contadores de histórias; “katha” significa história e “kathak” aquele que conta a história.
Esta forma de dança tem origem nos bardos nómadas no Norte da Índia, conhecidos como “kathaks” ou contadores de histórias.
A técnica do Kathak hoje caracteriza-se pelo rápido e rítmico trabalho de pés articulado com ciclos temporais complexos. Os movimentos da dança incluem inúmeras piruetas executadas a uma velocidade vertiginosa e terminam como estátuas. O trabalho de pés é acompanhado por instrumentos de percussão como a tabla, e o bailarino e o percussionista entregam-se frequentemente a uma exibição de virtuosismo e mestria rítmica. A parte interpretativa, baseada em histórias de Radha e Krishna e outro folclore mitológico, contém gestos e expressões faciais subtis. A combinação de exuberância e reticência torna-o uma das mais naturais formas de dança clássica. É também uma das formas de dança clássica que mais influencia Bollywood hoje em dia.
O reportório consiste em várias composições, que possuem um vocabulário gestual abstracto, e são nomeados consoante o seu conteúdo técnico, como Amad, Paran, Toda, Tihayi, etc. O outro aspecto é a narrativa em que os gestos são executados consoante a palavra dita, e consiste em Thumri, Kavit, Bhajan, Ghazal, etc.


GM Qual acha que é o papel da dança clássica na Índia contemporânea? As actuações de dança clássica são vistas somente num contexto erudito ou fazem também parte das vidas das pessoas comuns?

LS A Índia é um dos poucos países que é invulgarmente dotado enquanto cultura, e para o louvar a sua cultura foi preservada, uma vez que ainda faz parte das vidas do seu povo. Ainda estamos ligados às nossas raízes da dança clássica. Ainda hoje essa ligação é forte e na verdade tem-se disseminado graças a revolução electrónica, principalmente no campo da comunicação.

Concordo que a dança clássica seja para um “público erudito”. Mas devemos lembrar-nos que um público que tem cultura no sangue a nas veias não necessita de ser tão erudito para acompanhar. Também no caso da dança clássica, o Kathak em particular tem flexibilidade para se adaptar e ser mais comunicativo sem perder a sua essência.


GM Uma vez que adoramos filmes indianos, gostaríamos de saber se há algum actor ou coreógrafo em particular que tenha realmente feito justiça à dança clássica.

LS Coreógrafos como a minha Guru Padmabhushan Kumudini Lakhia (que fez a coreografia do 'Umrao Jaan' antigo, com a actriz Rekha), o Pandit Birju Maharaj (de filmes como 'Shatranj Ke Kiladi' realizado por Satyajit Ray, e mais recentemente 'Devdas') e a falecida Gauri Shankarji (de 'Pakeezah') para nomear alguns.

Dos actores, é Madhuri Dixit.




Vislumbres da Índia
LOCAL : AULA MAGNA
DATA: 15 de Maio de 2010 - Sábado
HORÁRIO: 21:30 HRS
Crianças: maiores de 3 anos

BILHETES
Bilhetes à venda na www.ticketline.sapo.pt
Para reservas / informações: 707 234 234
Bilhetes disponíveis na: FNAC, Agência Abreu, Worten, CC Dolce Vita, Megarede, El Corte Ingles (Lisboa e Gaia)

8 comments:

Ibirá Machado disse...

Linda entrevista! Quisera eu estar aí para prestigiá-la.

Madhuri Dixit forever! Confesso que ao ler a pergunta fiquei com medo que a Lajja não dissesse Madhuri :)

Unknown disse...

Bom Trabalho !

Anônimo disse...

Entrevista muito interessante, sim senhor! O Grand Masala está a dar cartas ultimamente, hein!

bárbara disse...

Obrigada, pessoal. A Lajja é que foi muito querida por aceitar fazer a entrevista.
Eu adorei as respostas quanto à dança clássica em Bollywood, mais uma vez está demonstrado que a Madhuri é a maior :)

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Entrevista espectacular! Parabéns e um grande abraço ao pessoal do Grand Masala!

Filomena Silva disse...

Lajja it's a fantastic classical dancer. Don't miss this show. Tanks Grand Masala for all your work about indian culture. Regards.

Pedro disse...

Maravilhosa entrevista!:)

bárbara disse...

Em breve vamos publicar a versão original desta entrevista para que os nossos leitores internacionais(na verdade, acho que só temos um) a possam ler também.

Obrigada pelo apoio, pessoal :D

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