Eu sei, este filme é mais americano que indiano. Mas vou escrever sobre ele na mesma. Somos ou não somos uma masala?
Infelizmente a minha apreciação deste filme está toldada pelo facto de ter lido o livro no qual é baseado há menos de uma semana. Ou seja, sim, este será um daqueles posts do género "o livro é melhor que o filme".
O romance de Jhumpa Lahiri, publicado originalmente no The New Yorker, conta-nos as vidas de duas gerações de uma família bengali a viver nos EUA.
Ashima e Ashoke (Tabu e Irrfan Khan, respectivamente) têm um casamento arranjado na Índia e emigram para os EUA, onde ele vive como professor e ela como dona de casa.
Como suponho que acontecerá com muitos casamentos combinados, acabam por se conhecer e a estranheza inicial dá lugar ao carinho e ao amor.
Ao longo do livro - e do filme - acompanhamos também o crescimento dos seus dois filhos, Gogol e Sonia. A ênfase é colocada no primeiro, que no livro é descrito como um
American born confused Desi. Ou seja, um descendente de indianos nascido na América com problemas de identificação.
Não me interpretem mal, o livro é interessante, mas não é espectacular. O filme, por outro lado, falha em captar o interesse do espectador.
A realizadora Mira Nair, de quem esperava mais sensibilidade ao passar para o ecrã as emoções e as situações que as personagens enfrentam, acabou por não fazer mais do que filmar os momentos-chave da história, numa sequência de cenas sem interligação onde muitos elementos ficam simplesmente no ar.
Ficou por explicar o que aconteceu à avó que deveria ter dado o nome oficial a Gogol. Ficou por demonstrar a irritação deste com o facto de ter uma alcunha e não um nome próprio. Ficou por relatar a angústia de Ashima perante os costumes americanos e a distância da família.
O próprio título do filme acaba por não se tornar claro, enquanto que no livro é o elemento central de quase todo o enredo.
Por outro lado, acho que o casting não foi o mais feliz.
Para interpretar Gogol foi escolhido o actor Kal Penn, que conhecemos de papéis mais "totós" como é o caso dos filmes Grande Moca, Meu! e da série House. Não tem um ar suficientemente credível para o papel.
Passei grande parte do filme a preferir que fosse Abhishek Bachchan a fazer este papel - e não é que descubro que foi a primeira escolha da realizadora? Infelizmente, como Abhishek é notoriamente indiano a opção acabou por ser um actor nascido nos EUA.
Também não gostei de ver Zuleikha Robinson como Moushumi, a mulher infiel de Gogol. Se no livro ela é retratada como bonita, sedutora e elegante, no filme parece só uma rapariga vulgar. E digo vulgar no sentido de "reles" e não de "comum". Ficamos sem perceber o que Gogol vê nela...
Mas para não parecer muito mazinha, decidi guardar algumas coisas boas para o fim: Tabu e Irrfan Khan, claro!
Estes são sem dúvida dos melhores actores da sua geração, e não estou a falar de actores indianos, mas sim de actores no geral.
Se eu fosse realizadora de um filme com Irrfan Khan, puxaria mais por ele do que aqui foi feito, pois o homem é um filão com imenso para dar.
Quem está muitíssimo bem é a veterana Tabu, perfeita para o papel de Ashima. Ok, talvez eu esteja a dizer isto por ela corresponder à Ashima que eu imagino, mas creio que não é só isso. Ela tem espelhado no rosto todo a amor conjugal e maternal que sabemos que a reservada Ashima sente.
Resta-me aconselhar quem ainda não o tenha feito a ler o livro. É pequenino, lê-se bem e explora muitas das questões que o filme toca apenas ao de leve.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
The Namesake
- O Bom Nome
Escrevi sobre: Abhishek Bachchan, Bollywood, Cinema Indiano, Crítica, Irrfan Khan, Kal Penn, Mira Nair, Música Indiana, Portugal, Tabu, The Namesake, Zuleikha Robinson
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1 comments:
Eu não li o livro, mas vi o filme quando ainda estava na Índia. Tive a sensação de que é um filme "bonzinho", nada mais do que isso. E minha opinião é absolutamente a mesma em relação a Irrfan Khan.
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