O último comboio das 1h40, para além de possuir um título que impõe respeito no patamar do peculiar (no original, pela masala fonética), também transporta essa mesma impressão através do seu visionamento, especialmente quando as sequências disparatadas começam a disparar em variadas frentes e de romance passamos para comédia de enganos para um peculiar crime-flick.
Para escrever acerca deste filme, tive de deixar passar uns dias para ser capaz de perceber se tinha ou não apreciado a coisa, o que é que os tipos que o fizeram estavam a pensar e, mais importante, onde é que se arranja uma miúda com os hipnotizantes olhos marrom da Neha Dhupia.
É o filme de estreia de Sanjay Khanduri, que é também autor do argumento e não se pode dizer que tenha ido buscar inspiração a um género em particular. Se em 2007 não é propriamente novidade misturar estilos e tons de narrativa, também é verdade que o particular toque Bollywoodesco torna a experiência mais curiosa, dada a estranheza requintada que a junção de condimentos num tambor de máquina de lavar dirigida por uma mão ainda a apalpar terreno e que anda ver o que é que cada botão faz. Por vezes a água está demasiado fria, outras vezes a velocidade de centrifugação amachuca tudo sem se saber onde está a separação entre as meias e o slip, mas mesmo que no fim a roupa saia cheia de vincos ainda assim ficamos contentes por ter a roupa lavada.
Mais vale admitir desde logo que a cara pachorrenta e embasbacada de Abhay Deol me põe bem-disposto e estou pronto a aceitar qualquer tipo de trejeito apalermado que o rapaz julgue necessário fazer, esteja no sitio ou completamente fora de tom. Para a frente é que é caminho e tenho a impressão que os tipos que fizeram o filme nem sequer olharam para o lado, ala arriba avanti…
Para escrever acerca deste filme, tive de deixar passar uns dias para ser capaz de perceber se tinha ou não apreciado a coisa, o que é que os tipos que o fizeram estavam a pensar e, mais importante, onde é que se arranja uma miúda com os hipnotizantes olhos marrom da Neha Dhupia.
É o filme de estreia de Sanjay Khanduri, que é também autor do argumento e não se pode dizer que tenha ido buscar inspiração a um género em particular. Se em 2007 não é propriamente novidade misturar estilos e tons de narrativa, também é verdade que o particular toque Bollywoodesco torna a experiência mais curiosa, dada a estranheza requintada que a junção de condimentos num tambor de máquina de lavar dirigida por uma mão ainda a apalpar terreno e que anda ver o que é que cada botão faz. Por vezes a água está demasiado fria, outras vezes a velocidade de centrifugação amachuca tudo sem se saber onde está a separação entre as meias e o slip, mas mesmo que no fim a roupa saia cheia de vincos ainda assim ficamos contentes por ter a roupa lavada.
Mais vale admitir desde logo que a cara pachorrenta e embasbacada de Abhay Deol me põe bem-disposto e estou pronto a aceitar qualquer tipo de trejeito apalermado que o rapaz julgue necessário fazer, esteja no sitio ou completamente fora de tom. Para a frente é que é caminho e tenho a impressão que os tipos que fizeram o filme nem sequer olharam para o lado, ala arriba avanti…
A coisa começa com a cena montada para o romance. Ele e ela perderam o último comboio para Vikroli e os taxistas fecharam a loja porque estão em greve, ups, parece que vamos ter que fazer companhia um ao outro até de madrugada, oh chatice…
Dado que as ruas de Mumbai não são as mais seguras, o par recolhe-se num bar musicado onde se cria alguma tensão com a fauna do lugar. A convite de um amigo que aí encontra, o herói, para pagar a cerveja, vai de jogar poker com os dignos representantes do submundo da redondeza. A partir daí a loucura instala-se e é um entra e sai de personagens que se mantêm por entre várias narrativas cruzadas até darem de cabeça no desfecho final, em que cenas bem conseguidas se misturam com outras que de tão mirabolantes não se consegue levar a mal.
Piadas de gosto libertário vs non-sense de calibre duvidoso, buracos narrativos vs lógica criativa, bandidos sebosos, polícias facínoras, malfeitores florzinhas, bandidos doidos varridos a la Tarantino e uma guarda avançada de travestis, tomam conta do ecrã e nem vale a pena pôr em dúvida qualquer cena a la Marx Bros no meio da violência a la Woo. Nem sei dizer se a química entre os protagonistas resulta ou não e frankly my dear I don’t give a damn.
Os temas musicais são variados mas não ficam propriamente no ouvido nem provocam o maneamento de nenhuma parte do corpo em particular. Até diria que uma ou outra são quase experimentais, tal é a confusão de sons ambientes, diálogos que se sobrepõem a canções que vão e vêm aos solavancos da tesoura da montagem. E depois há o arcaboiço generoso da Dhupia que combina com os grandes planos e o pândego subentendido javardo da atmosfera global.
A loucura demora a arrancar e uns vinte minutos a menos não lhe faziam mal nenhum, em especial se fossem alguns planos para o parado com diálogos matreiros. A meio, o comboio parte a toda a velocidade para compensar o atraso e para o final ainda temos duas ou três ideias que prendem a atenção.
É um produto para os multiplexs de cidade, dirigido a uma clientela mais “moderna”, e é bem verdade que nesta gama já se viu melhor e já se viu pior. Para quem tem sentido de humor é um pouco acima da média e pode ser uma pedra, mas para aqueles que preferem um estilo mais comedido e tradicional o pedregulho não deve ser bem engolido sem uns copos para toldar os sentidos da harmonia que falham aqui. Não esperem demasiado e podem encontrar alguma recompensa junto dos peculiares personagens que pululam esta entidade estrambólica… e à minha beira estas extravagâncias alienadas são bem-vindas…
Aí vai um exemplo, sem legendas chatas, da estatura do objecto lúdico..
Dado que as ruas de Mumbai não são as mais seguras, o par recolhe-se num bar musicado onde se cria alguma tensão com a fauna do lugar. A convite de um amigo que aí encontra, o herói, para pagar a cerveja, vai de jogar poker com os dignos representantes do submundo da redondeza. A partir daí a loucura instala-se e é um entra e sai de personagens que se mantêm por entre várias narrativas cruzadas até darem de cabeça no desfecho final, em que cenas bem conseguidas se misturam com outras que de tão mirabolantes não se consegue levar a mal.
Piadas de gosto libertário vs non-sense de calibre duvidoso, buracos narrativos vs lógica criativa, bandidos sebosos, polícias facínoras, malfeitores florzinhas, bandidos doidos varridos a la Tarantino e uma guarda avançada de travestis, tomam conta do ecrã e nem vale a pena pôr em dúvida qualquer cena a la Marx Bros no meio da violência a la Woo. Nem sei dizer se a química entre os protagonistas resulta ou não e frankly my dear I don’t give a damn.
Os temas musicais são variados mas não ficam propriamente no ouvido nem provocam o maneamento de nenhuma parte do corpo em particular. Até diria que uma ou outra são quase experimentais, tal é a confusão de sons ambientes, diálogos que se sobrepõem a canções que vão e vêm aos solavancos da tesoura da montagem. E depois há o arcaboiço generoso da Dhupia que combina com os grandes planos e o pândego subentendido javardo da atmosfera global.
A loucura demora a arrancar e uns vinte minutos a menos não lhe faziam mal nenhum, em especial se fossem alguns planos para o parado com diálogos matreiros. A meio, o comboio parte a toda a velocidade para compensar o atraso e para o final ainda temos duas ou três ideias que prendem a atenção.
É um produto para os multiplexs de cidade, dirigido a uma clientela mais “moderna”, e é bem verdade que nesta gama já se viu melhor e já se viu pior. Para quem tem sentido de humor é um pouco acima da média e pode ser uma pedra, mas para aqueles que preferem um estilo mais comedido e tradicional o pedregulho não deve ser bem engolido sem uns copos para toldar os sentidos da harmonia que falham aqui. Não esperem demasiado e podem encontrar alguma recompensa junto dos peculiares personagens que pululam esta entidade estrambólica… e à minha beira estas extravagâncias alienadas são bem-vindas…
Aí vai um exemplo, sem legendas chatas, da estatura do objecto lúdico..
2 comments:
Amigo arleqvino, como vão as coisas por Angola?
Folgo em ver-te de novo por estas paragens :D
Onde adquiriste este filme? Parece-me giro.
..encontrei-o escondido na fnac almada, e devo dizer que não o vi em nenhuma outra enquanto fazia um enxoval de filmes para ir vendo, e reviewando enquanto por aqui permanecer :)
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