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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Raat aur Din

Não sendo os filmes mais memoráveis ou populares do cinema indiano, nutro bastante carinho por filmes de mistério como este, que não apresentando uma narrativa excepcional conseguem manter-nos interessados até ao fim, seja pelo ambiente noir, seja pela musiquinha animada ou seja porque o suspense resulta sempre bem.

Raat aur Din (Noite e Dia), de 1967, foi o último filme de Nargis e valeu-lhe alguns prémios da crítica.
No filme, Nargis interpreta Varuna, uma mulher recatada da aldeia que sofre de distúrbio de múltipla personalidade, oscilando entre a sua personalidade de esposa devota e discreta durante o dia, e a de boémia e atrevida durante a noite.

Recorrendo inicialmente a métodos pouco concensuais para tratar o mal que a aflige, os parentes de Varuna submetem-na a um exorcismo, a terapia de choque e até ao internamento num hospital psiquiátrico, mas torna-se evidente que a explicação para a necessidade desta segunda personalidade da protagonista reside algures num trauma de infância.

Tendo uma interpretação muito boa da parte de Nargis (como não?), Raat aur Din tem algumas coisas que me desagradam: os médicos são personagens caricaturais que não ficam nada bem com a gravidade da situação nem com a seriedade do desempenho da actriz; Feroz Khan, um actor que ficou celebrizado em papéis de "canastrão", tem uma personagem perfeitamente acessória que é a do "amigo do protogonista com quem este não tem nada em comum tirando o facto de gostarem da mesma mulher e por isso terem-se tornado amigos". Muito pouco natural.

Por outro lado gostei mesmo muito de ver que parte da frustração de Varuna advém de ter tido uma mãe hiper-castradora, por oposição ao pai, um homem esclarecido e razoável.
E se a personagem de Varuna tem problemas por resolver devido a traumas do passado, o seu alter ego Peggy também não está melhor, refugiando-se no álcool e numa aparente boa disposição que quando confrontadas dão lugar a raiva e a desespero.

Aqui fica um vídeo da versão "lenta" de Awaara ae mere dil, uma música que já teve direito a Coreografia Animada aqui no blog!

3 comments:

Carol Juvenil disse...

Como Pedro e eu sofremos atrás desse filme! Vou tentar mais uma vez.

Também gosto desses filmes de mistério indianos, mas esbarro com poucos porque gosto de saber pouco sobre as histórias antes de ir atrás dos filmes; daí que estou sempre no romance ou masala. Entretanto, meu interesse por esse filme veio justamente do transtorno de personalidades múltiplas. Como estudo Psicologia e ainda não tive Psicopatologia, fico fascinada quando o cinema indiano traz alguma visão sobre transtornos mentais. Ainda mais se a Nargis vier no pacote! Sobre ter personagens caricatos, acho que é a nossa sina neste tipo de filme. Não sei hoje, mas o cinema indiano de antigamente não parecia saber abordar muito bem transtornos mentais...já viu como dizem que as pessoas são ou ficaram "loucas", sem especificar o que tinham? Uma pena.

Barbs, duas indicações para você. A primeira é o Khamoshi, de 1969. A Waheeda faz o papel de uma enfermeira que não tem seus sentimentos levados em consideração por um médico que cria um tratamento estranho para seus pacientes: suas enfermeiras deve atuar como mães, amigas, amores, tudo que o paciente necessitar de uma mulher. A Waheeda é a primeira a testar o tratamento, se apaixona pelo primeiro e não tem tempo de trabalhar essa transferência (?) até vir o próximo. É um filme muito psicanalítico (e olhe que detesto Psicanálise) e jamais saberei se usou os conceitos corretamente porque não os entendo bem. Fora isto, a atuação da Waheeda está incrível, a pobrezinha estava claramente perturbada. Como sei que você também a adora, é uma boa pedida.

O segundo é o Arth, de 1982. Qualquer coisa vale a pena por Shabana Azmi, mas nesta indicação acho que o que mais vai interessá-la é o papel da Smita Patil, que faz uma esquizofrênica. Não entendo absolutamente nada de esquizofrenia e talvez por isto seus "ataques" não tenham me impressionado tanto, mas a personagem foi inspirada na Parveen Babi, que teve um romance com o diretor e tinha o transtorno. Sendo assim, é bem provável que várias daquelas situações realmente tenham acontecido.

bárbara disse...

Ai! Vou procurar ambos (se bem que o primeiro tem uma história uma pouco estranha, não?)

Carol Juvenil disse...

A história é estranha mesmo, mas o legal é que o filme nunca fica piegas e a gente não sabe o que vai acontecer. Considero um dos filmes mais diferentes que já vi da velha Bolly...

Ah! Em breve vou ver o Woh Lamhe, outro filme escrito pelo Mahesh Bhatt onde revela detalhes de sua vida com Parveen. Ainda não vi, mas já te indico. Vamos nos graduar em Parveen Babi!

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